O ministro Sergio Moro, da Justiça, disse em entrevista ao programa
Em Foco, na GloboNews, que o diretor-geral da Polícia Federal, Mauricio
Valeixo, “permanece” no cargo e tem a sua “confiança”.
Perguntado se não há riscos de Valeixo sair, Moro respondeu: “Veja,
como eu tenho as várias funções aqui do Ministério da Justiça, as coisas
eventualmente podem mudar, mas ele está no cargo, permanece no cargo,
tem a minha confiança.”
Na entrevista ao programa, que vai ao ar na quarta-feira (4) que vem,
na GloboNews, Moro respondeu também, entre outros temas, se acabou a
“carta branca” do presidente Jair Bolsonaro a ele à frente do Ministério
da Justiça.
Sobre a decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, que
pela primeira vez anulou uma decisão dele como juiz da Operação Lava
Jato, Moro disse que não era “apropriado” como ministro da Justiça fazer
críticas a uma decisão da Corte.
Ele disse ter opinião, que estava “guardada” para ele.
Veja abaixo um trecho da entrevista:
Blog: Ministro, o senhor disse que tem muita lenda,
por exemplo, de quando o senhor assumiu, que não teve essa coisa de que o
senhor pediu o Coaf [Conselho de Controle de Atividades Financeiras],
mas teve publicamente o presidente dizendo que o senhor teria liberdade
total para fazer as indicações, as nomeações, a tal da carta branca, mas
desde o começo do governo a gente já viu, por exemplo, o senhor falou
do Coaf, eu lembrei do Roberto Leonel [ex-presidente do Coaf], escolha
do senhor, uma pessoa técnica, até séria, até onde a gente tem a
notícia, e mais recentemente o presidente falou dessa troca, da possível
troca, na direção da Polícia Federal. O senhor fez elogios público ao
Maurício Valeixo [atual diretor] também tido como muito sério, muito
técnico, dentro da corporação. O senhor sempre falou que só iria ao
governo com essa carta branca. A carta branca acabou?
Moro: Não, veja, há um super dimensionamento, dentro de um governo,
evidentemente, sempre vai haver divergência, controvérsias, as coisas
vão daí se acomodando. É como a história das abóboras na carruagem, as
coisas vão se acertando, então tem um diálogo, evidentemente intenso, o
presidente é o chefe do poder Executivo. No caso do presidente do Coaf, o
Roberto Leonel, é um auditor da receita federal extremamente
qualificado, uma pessoa da minha absoluta confiança. No entanto, veja, o
Coaf saiu do Ministério da Justiça e foi para o Ministério da Economia,
depois para o Banco Central. Aí esses órgãos têm as suas autonomias
próprias para tomarem as suas decisões, certo? Então também eu não posso
interferir nesse tipo de decisão tomada no outro órgão, se fez a opção,
pela nova formatação deles, está no Banco Central, de se colocar um
servidor do Banco Central, isso tem que ser respeitado. É como eu disse,
mais uma vez, as vezes existe uma série de construção de teorias da
conspiração. Mas o Coaf, agora virou o UIF, Unidade de Inteligência
Financeira. A única critica que eu já falei para o Roberto Campos
[presidente do BC], acho que o nome aí, porque o UIF já era uma unidade
de inteligencia financeira, então ficou um nome meio sem graça, mas tudo
bem, mas o resto está em boas mãos, a estrutura normativa proposta ali é
boa.
Blog: E na polícia federal?
Moro: A polícia federal foi comentário.
Blog: Não, ministro, foi público, ele [Bolsonaro] disse: ‘Quem manda sou eu, não é o ministro Moro. Como o senhor se sentiu?
Moro: Não cabe ficar comentando afirmações do presidente, acho que também seria impróprio dessa parte.
Blog: Mas, sobre a Polícia Federal, não estou falando do presidente. Porque o senhor é o chefe da Polícia Federal.
Moro: Não, não sou o chefe da Polícia Federal de forma nenhuma. A única pessoa que eu indiquei foi o diretor da Polícia Federal.
Blog: O Maurício Valeixo?
Moro: Sim, sim.
Blog: Mas se ele sair, o senhor ficaria no governo?
Moro: Não tenho essa questão.
Blog: Mas qual das duas? Ele sair ou o senhor ficar?
Moro: Não, aí seria uma questão especulativa, e acho que não cabe responder questões especulativas nesse caso.
Blog: O senhor acha que ele está mantido no cargo?
Moro: ele permanece no cargo.
Blog: Não há riscos?
Moro: Veja, como eu tenho as várias funções aqui no Ministério da
Justiça, as coisas eventualmente podem mudar, mas ele está no cargo,
permanece no cargo, tem a minha confiança.
Blog: Tem a sua confiança?
Moro: Certamente.
Blog: [Sobre decisão do STF] Foi a primeira decisão que
anulou uma decisão sua da Lava Jato. […] Isso é um retrocesso, na
avaliação do senhor, para o combate à corrupção?
Moro: Aí entra naquele tema institucional, não é? Não é apropriado
eu, como ministro da Justiça, fazer ponderações ou críticas da decisão
do Supremo Tribunal Federal.
Blog: Não tem opinião sobre isso?
Moro: Eu tenho opinião, mas está guardada pra mim.
Operação avestruz...
BLOG DA ANDRÉIA SADI – G1
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