Quando esteve em Vitória da Conquista, na Bahia , há dois dias para
inaugurar o Aeroporto Glauber Rocha , o presidente Jair Bolsonaro vestiu
um chapéu de cangaceiro em busca da simpatia da população local após
declarações controversas sobre governadores do Nordeste. O acessório, no
entanto, não foi o único usado por ele durante a viagem. Por baixo do
terno, segundo confirmaram ao GLOBO duas fontes do alto escalão,
Bolsonaro usava um colete à prova de balas. O evento ocorreu cercado de
expectativa de protestos. O Palácio do Planalto tem orientado o
presidente a usar a peça durante eventos com multidão.
Além da inauguração do aeroporto no interior da Bahia, Bolsonaro fez
uso da proteção na semana passada, quando participou do evento que
marcou o Dia Nacional do Futebol, no Ministério da Cidadania .
O uso do colete à prova de balas, no entanto, não está ligado a um
aumento de risco da vida do presidente, de acordo com integrantes do
Palácio do Planalto. O equipamento está sempre à disposição e, embora os
principais auxiliares e agentes da segurança pessoal defendam o uso
frequente, a decisão final tem sido sempre de Bolsonaro.
A resistência de Bolsonaro com o colete à prova de balas vem desde a
campanha eleitoral. Na ocasião, ele relatava receber ameaças de morte
frequentes, mas, segundo seus assessores, reclamava também do incômodo
da peça: quente e pesada. Em algumas atividades, ele recorria à
proteção, mas em outras dispensava o acessório. No dia em que foi
atacado com uma faca por Adélio dos Santos Bispo em Juiz de Fora (MG),
no dia 6 de setembro, ele estava sem o colete. No dia da posse, ao
desfilar em carro aberto pela Esplanada dos Ministérios, ele usou.
Um outro integrante do Planalto explicou que o colete é usado em
locais onde há multidões, mas também em eventos com poucas pessoas, mas
que o trajeto a ser percorrido pelo comboio presidencial exija uma
exposição do presidente a locais não controlados. A análise de risco é
feita pela Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial,
subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Peça vai ficar de lado em Manaus
Nesta quinta-feira, por exemplo, o equipamento de segurança deve ser
deixado de lado durante visita a Manaus por se tratar de uma agenda
avaliada como de menor risco. Na ocasião, ele participará da primeira
reunião do Conselho de Administração da Superintendência da Zona Franca
de Manaus.
Na Bahia, o colete foi usado pelo presidente porque não seria
possível precisar o número de pessoas no evento, justificou um auxiliar.
Antes de desembarcar em Vitória da Conquista, Bolsonaro publicou no
Twitter que o governador Rui Costa (PT) não havia autorizado a presença
da Polícia Militar para “a nossa segurança”.
Mais tarde, o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, disse que
a segurança pessoal do presidente não foi colocada em risco em nenhum
momento, uma vez que atuaram integrantes do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI), Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e
Forças Armadas. Ele justificou que a PM atuaria na segurança de área, ou
seja, no entorno de onde ocorreu o evento.
Procurado, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) informou que
não comenta medidas de segurança para o presidente, o vice-presidente,
Hamilton Mourão, e seus familiares.

Bolsonaro usou colete à prova de balas em cerimônia de inauguração do aeroporto Glauber Rocha, em Vitória da Conquista, na Bahia.
O Globo
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