Entidades criticaram nesta sexta-feira (26) uma medida do governo que
definiu regras para deportação sumária de estrangeiros considerados
suspeitos ou perigosos.
A portaria, editada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública,
foi publicada nesta sexta no “Diário Oficial da União” e também prevê
regras para proibir a entrada de pessoas no Brasil que tenham “praticado
ato contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição
Federal”.
A medida é assinada pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, e,
conforme o “Diário Oficial”, entrou em vigor a partir da publicação.
Para o Grupo de Trabalho Migrações, Apatridia e Refúgio, vinculado à
Defensoria Pública da União (DPU), por exemplo, o ato do governo “viola”
o devido processo legal o direito à ampla defesa.
“O GT demonstra preocupação com o texto da portaria, que viola o
devido processo legal e o exercício da ampla defesa, além de adotar uma
compreensão do fenômeno migratório baseada no paradigma da ameaça à
segurança nacional”, diz trecho de uma nota divulgada pela DPU.
“Da forma como está proposta, a portaria ministerial cria situações
de potencial violação de direitos humanos de imigrantes, e é contrária
aos princípios e garantias consagrados na Constituição Federal, na Lei
de Migração […] e Lei do Refúgio”, acrescenta o texto.
Também em nota, a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia
(ABJD) afirmou entender que a portaria “tem desvio de finalidade” e
“promove intimidação” uma vez que, ressalta a entidade, a medida foi
publicada na mesma semana em que a Polícia Federal prendeu quatro
suspeitos de envolvimento na invasão de celulares de autoridades.
Em depoimento revelado pela TV Globo nesta sexta-feira, Walter
Delgatti Neto, suspeito de ser o hacker que invadiu os telefones,
afirmou ter repassado os arquivos ao jornalista Glenn Greenwald, do site
The Intercept Brasil. Nascido nos Estados Unidos, Glenn mora no Brasil
há 14 anos.
“É desse modo que a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia
– ABJD aponta a Portaria nº 666/2019, do Ministério da Justiça e da
Segurança Pública, como ato administrativo eivado de caráter desviante
de finalidade e impessoalidade, utilizado para promover intimidação”,
afirmou a entidade.
Em uma rede social, o ministro Sergio Moro publicou nesta sexta-feira (26) uma série de mensagens para defender a medida.
Segundo o ministro, “nenhum país do mundo” permite a entrada de
estrangeiro suspeito de terrorismo ou suspeito de integrar o crime
organizado. Conforme Moro, o estrangeiro é “barrado na entrada e
deportado”. Com as novas regras, acrescentou, a deportação poderá ser
feita “de imediato”.
“Isso não muda a generosidade da lei brasileira com imigrantes ou
refugiados, apenas impede o ingresso de pessoas suspeitas de
envolvimento em condutas criminais gravíssimas e específicas. Não gosto
do termo pessoa ‘perigosa’, mas é aquele utilizado pela lei ora
regulada”, publicou o ministro na internet.
Moro e suas decisões na pauta.
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