“Ele (Glenn Greenwald) é casado com outro
homem e tem meninos adotados no Brasil. Malandro, malandro, para evitar
um problema desses, casa com outro malandro e adota criança no Brasil.
Esse é o problema que nós temos. Ele não vai embora, pode ficar
tranquilo. Talvez pegue uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora
não.”
As declarações que o presidente Jair Bolsonaro fez neste sábado, no
Rio de Janeiro, ao comentar rumores sobre a expulsão do jornalista
americano Glenn Greenwald, chamaram a atenção da principal autoridade da
Organização dos Estados Americanos (OEA) ligada a liberdade de
expressão.
Para o advogado chileno Edson Lanza, relator especial para a
liberdade de expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos,
da OEA, “o presidente do Brasil lamentavelmente parece ter se esquecido
da Constituição e de tratados internacionais sobre liberdade de
expressão dos quais o Brasil é signatário”.
“Vejo com absoluta preocupação”, disse Lanza, de Washington (EUA), em
entrevista à BBC News Brasil por telefone. “Ele adota uma lógica que
lamentavelmente antes seguiam os presidentes como (Hugo) Chávez
(Venezuela) e (Rafael) Correa. Bolsonaro foi eleito com um discurso de
liberdade de expressão e imprensa, mas o abandona rapidamente quando
algo o incomoda. Não vejo diferença em relação ao comportamento de
Chávez e Correa na América Latina.”
Tanto Chavez quanto Correa eram expoentes da onda de governos de
esquerda na América do Sul que chegou a seu apogeu na primeira década
dos anos 2000.
Segundo Lanza, ao fazer referências irônicas à orientação sexual do
jornalista responsável pela série de reportagens sobre supostos diálogos
entre o ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro e
procuradores da República, Bolsonaro faz “um ataque discriminatório” e
incita “um comportamento de perseguição” ao jornalista e à imprensa.
“O trabalho do presidente é prevenir riscos, e não aumentá-los”, diz
Lanza. “Este é um discurso realmente perigoso, que desagrada e gera
novas expressões de ódio. O direito à liberdade de expressão não permite
que se desobedeça a direitos fundamentais para se extremar a
polarização, especialmente à custa de um grupo que historicamente é
discriminado (os homossexuais)”, avalia.
Foi duro seu moço.
FolhapressRegiste-se aqui com seu e-mail
ConversãoConversão EmoticonEmoticon