A família de um adolescente acusado de elaborar um plano de ataque a
alunos e professores do Over Colégio e Curso, no bairro de Nova
Parnamirim, vai processar a escola após a decisão da direção de expulsar
o aluno. A medida extrema foi informada à família na quinta-feira (30),
quando foi fornecido aos pais uma declaração de transferência.
Os pais do garoto desmentem o boato divulgado com base apenas em
papeis retirados da mochila do adolescente. A notícia foi veiculada no
Blog do Jair Sampaio dia 28 de maio e viralizou semana passada em grupos
de whatsaap, provocando pânico, especialmente entre os pais e alunos
matriculados no colégio.
Nos papeis violados haviam textos em inglês, anotações matemáticas, nomes de alunos e dados de um estudo sobre depressão.
A agência Saiba Mais entrou em contato com o Over Colégio e Curso e aguarda resposta da escola.
Por meio de nota oficial repassada à imprensa pelo advogado Isaac
Simião de Moraes, a família Ramos informou que, “em virtude dessa
arbitrariedade, ingressamos com ação judicial no sentido de garantir a
ida do nosso familiar às aulas na referida escola, pois acreditamos ser
essencial que todo esse mal-entendido seja superado com a ajuda de toda a
comunidade escolar”, diz o comunicado.
A escola informou à família que a diretoria do Over Colégio e Curso
ficou incomodada com a quantidade de pais de alunos que ameaçaram
retirar seus filhos da escola, aliado ao fato de alguns alunos já terem
deixado em definitivo o colégio em razão do pânico gerado pelo episódio.
A família do adolescente explica, na nota, que o estudante era
rotulado como “estranho” por ser introvertido e teve a mochila violada
três vezes, desde 2018. Na terceira vez, semana passada, um grupo de
alunos rasgou folhas de um pequeno caderno no qual tinham algumas
anotações.
– “Esses escritos, feitos de forma aleatória e sem ligação, se
referiam a estratégias a serem adotadas em jogos on-line (Clash Royale),
cálculos matemáticos, uma pesquisa que estava sendo feita sobre
sintomas depressivos e, por último, uma lista de nomes dos seus mais
próximos colegas de sala, que o adolescente intentava convidá-los para o
seu aniversário”, justificaram os pais no comunidade enviado à
imprensa.
A escola não se pronunciou no dia seguinte, segundo a família, e
decidiu, num primeiro momento, suspender o estudante das aulas. A
expulsão só foi consolidada dia 30. A família cobra acolhimento do
estudante, vítima de um boato viralizado na mídia:
– Ao expulsar o nosso familiar, quando na verdade deveria acolhê-lo e
lhe oferecer condições de superação, age de forma ilícita, em clara
afronta ao Estatuto da Criança e do Adolescente e ferindo o princípio
constitucional da dignidade da pessoa humana, que constitui uma das
bases do nosso Estado Democrático de Direito. Repudiamos a forma como o
Over Colégio e Curso concebe a educação, pois não se pode tratá-la como
mercadoria. Dessa forma, temos a impressão de que a atitude tomada hoje
contra o nosso jovem poderá ainda ser muitas vezes replicada com outros
alunos vulneráveis, que necessitam de cuidado e proteção, mas, ao invés
disso, encontram na instituição perseguição dos colegas, omissão dos
colaboradores e exclusão de seus diretores.
A família espera que a Justiça intervenha no caso:
– Esperamos que o Poder Judiciário dê palavra final ao caso, após
apuração acurada. No entanto, esperamos mais ainda que nosso familiar
esteja bem e seja acolhido em suas especificidades em um ambiente
educacional sadio, comprometido e que fomente o respeito às diferenças
entre seus alunos. Infelizmente, esse não foi o caso no Over Colégio e
Curso”, disse.
A agência Saiba Mais solicitou uma entrevista com a família do
estudante, mas o advogado informou que, num primeiro momento, apenas a
nota sobre o episódio seria divulgada.
Confira a nota na íntegra
A família Ramos vem a público esclarecer fatos ocorridos nas últimas
semanas do mês de maio, envolvendo um membro de sua família, estudante, e
o Over Colégio e Curso – unidade da Av. Abel Cabral, em Nova
Parnamirim.
Mais precisamente no dia 21 de maio (terça-feira), o adolescente,
rotulado como “estranho” por ser introvertido, teve sua mochila violada,
pela terceira vez desde o ano de 2018, por um grupo de estudantes, que
rasgaram folhas de um pequeno caderno no qual tinham algumas anotações.
Esses escritos, feitos de forma aleatória e sem ligação, se referiam a
estratégias a serem adotadas em jogos on-line (Clash Royale), cálculos
matemáticos, uma pesquisa que estava sendo feita sobre sintomas
depressivos e, por último, uma lista de nomes dos seus mais próximos
colegas de sala, que o adolescente intentava convidá-los para o seu
aniversário.
Logo no dia seguinte, uma quarta-feira, embora a instituição de
ensino tenha tido ciência do conteúdo dos escritos, permaneceu inerte em
esclarecer o ocorrido aos demais alunos e seus respectivos pais e
responsáveis, que já exigiam um posicionamento da escola. Para romper
essa inércia, foi necessária uma histeria coletiva repercutida na mídia
no dia 28 de maio, quando o membro de nossa família foi execrado
publicamente e submetido a um “tribunal de rua”, sendo acusado de ser o
mentor de um plano de ataque aos estudantes daquela escola.
Em reunião realizada na tarde daquele dia, a escola, embora
reconhecesse o nosso familiar como vítima e que os referidos escritos
não guardavam qualquer relação com atos preparatórios para um futuro
crime, preferiu, para nossa surpresa, dar uma suspensão ao adolescente.
Impediu-o de frequentar as aulas no decorrer da semana, mesmo com
súplicas da família no sentido de que era necessário apoio
psicopedagógico ao estudante para que este superasse todo esse triste
episódio.
Contudo, o pior ainda estava por vir, pois no dia 30 de maio, a
pedido da direção da escola, comparecemos a uma nova reunião, na qual
foi comunicada a expulsão do nosso familiar, oportunidade na qual nos
foi fornecido, de forma unilateral e sem consentimento, declaração de
transferência do aluno.
Nessa ocasião a diretoria se mostrou incomodada com o “bombardeio” de
pais de alunos que ameaçavam retirar seus filhos da escola, aliado ao
fato de alguns alunos já terem deixado em definitivo a escola em razão
do pânico gerado pelo episódio.
Em virtude dessa arbitrariedade, ingressamos com ação judicial no
sentido de garantir a ida do nosso familiar às aulas na referida escola,
pois acreditamos ser essencial que o todo esse mal-entendido seja
superado com a ajuda de toda a comunidade escolar.
Esperamos que a escola reveja seus atos omissivos e arbitrários e
cumpra o contrato de prestação de serviços educacionais, uma vez que é
dever da instituição de ensino zelar pela integridade psicofísica dos
seus alunos.
Tal obrigação decorre, por um lado, do dever de guarda que nós, pais e
responsáveis transferimos temporariamente quando entregamos nossos
filhos, e, por outro, da própria natureza do contrato: a educação.
Ao expulsar o nosso familiar, quando na verdade deveria acolhê-lo e
lhe oferecer condições de superação, age de forma ilícita, em clara
afronta ao Estatuto da Criança e do Adolescente e ferindo o princípio
constitucional da dignidade da pessoa humana, que constitui uma das
bases do nosso Estado Democrático de Direito.
Repudiamos a forma como o Over Colégio e Curso concebe a educação,
pois não se pode tratá-la como mercadoria. Dessa forma, temos a
impressão de que a atitude tomada hoje contra o nosso jovem poderá ainda
ser muitas vezes replicada com outros alunos vulneráveis, que
necessitam de cuidado e proteção, mas, ao invés disso, encontram na
instituição perseguição dos colegas, omissão dos colaboradores e
exclusão de seus diretores.
Esperamos que o Poder Judiciário dê palavra final ao caso, após
apuração acurada. No entanto, esperamos mais ainda que nosso familiar
esteja bem e seja acolhido em suas especifidades em um ambiente
educacional sadio, comprometido e que fomente o respeito às diferenças
entre seus alunos. Infelizmente, esse não foi o caso no Over Colégio e
Curso.
Atenciosamente,
Família Ramos, representada por seu advogado, Dr. Isaac Simião de Morais – OAB/RN no 16.883.
Recado dado.
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