Depois de quatro horas de reunião, dirigentes das onze principais
centrais sindicais de caminhoneiros autônomos conseguiram fechar um
acordo com o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Freitas.
Em resposta ao último reajuste do diesel nas refinarias, os
caminhoneiros presentes defendiam uma paralisação no dia 29. Após a
negociação, a greve foi suspensa.
O governo se comprometeu a implementar a política de frete mínimo e, a
partir desta terça-feira (23), os caminhoneiro terão poder de denunciar
ao ministério, sem risco de penalidades, as empresas que descumprirem a
política de preço mínimo.
“De fevereiro para cá já teve o reajuste de mais de 10% nas bombas e o
gatilho não foi acionado. Ele [Freitas] se comprometeu a resolver isso
essa semana”, disse.
Hoje, quando reportam as infrações para a ANTT (Agência Nacional de
Transportes Terrestres), os caminhoneiros também são multados. O valor é
R$ 550. Pelo acordo fechado nesta segunda-feira (22), eles estarão
livres dessa autuação.
“Teremos mais poder de pressão agora”, disse Carlos DelloRarosa,
presidente do Sindicam (Sindicato dos Transportadores Rodoviários
Autônomos de Bens) de Londrina (PR).
Segundo Dellarosa, os caminhoneiros não poderão ameaçar as empresas,
mas poderão fazer o transporte sem risco de serem autuados. “Não tinha
cabimento”, disse.
“Eu carrego o meu caminhão, se o embarcador não me pagar o piso, pego
os documentos, ligo para o sindicato, que faz uma cópia desses papéis
e um protocolo, depois leva direto para o ministério da Infraestrutura,
ao invés de levar para a ANTT”, afirmou o caminhoneiro de Curitiba
(PA) Wanderlei Alves, conhecido como Dedéco.
Depois de passar pela análise do ministério, ainda segundo o
caminhoneiro, a denúncia seguirá para a agência de transportes efetuar a
multa em até 30 dias.
De acordo com o presidente da CNTA (Confederação Nacional dos
Transportes Autônomos), Diumar Bueno, durante o encontro, o ministro
Tarcísio gravou um vídeo que foi disparado pelas redes de Whatsapp dos
representantes sindicais. Nela, o ministro se compromete em cumprir o
acordo.
Logo em seguida, os cerca de 30 representantes sindicais ligados à
CNTA dispararam o vídeo para os caminhoneiros desmobilizando a
paralisação.
Em vídeos da reunião obtidos pela Folha, um dos
caminhoneiros presentes exige que o ministro dê uma resposta imediata
sobre o preço do diesel. O ministro então afirma que não existe uma
“fada madrinha, que bate com a varinha de condão na Petrobras e sai o
óleo diesel. Nós importamos derivados [de petróleo]”.
A trégua deve durar cerca de dois meses, segundo Bueno, prazo para
que o governo consiga implementar a nova política de frete mínimo, que
terá novos padrões de cálculo. O novo critério está sob consulta
pública.
“Até lá, valerá a regra vigente”, disse Bueno. “O ministro se
comprometeu a repassar para o frete todos os reajustes feitos pela ANTT
desde o início do ano.”
Segundo ele, os cálculos ainda serão feitos, mas estima-se que o piso do frete deve sofrer uma alta entre 10% e 17%.
O frete mínimo foi estabelecido em maio de 2018 como forma de pôr fim
à paralisação dos caminhoneiros e estabelece que, sempre que a alta for
superior a 10%, será repassada ao frete.
Bueno disse ainda que a negociação vale para os caminhoneiros autônomos.
A afirmação explica o descontentamento da categoria com as
negociações que o governo vinha mantendo com líderes de caminhoneiros
ligados a empresas.
Ainda segundo ele, se o governo não cumprir a promessa dentro do
prazo estipulado, as negociações serão reabertas com uma pressão por
paralisação geral muito mais forte.
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