Após ser confirmada sua
exoneração do cargo de presidente Instituto Nacional de Pesquisas
Educacionais (Inep), Marcus Vinicius Rodrigues, fez duras críticas ao
ministro Ricardo Vélez Rodríguez. “O Brasil precisa de um ministro da
Educação que tenha responsabilidade de gestão, competência e
experiência”, disse ao Estado.
Rodrigues
já vinha travando uma disputa interna com Vélez há semanas. Ele conta
que discordou da comissão que vai analisar as questões do Enem e tentou
barrar integrantes de perfil ideológico e ligados ao filósofo Olavo de
Carvalho, guru dos bolsonaristas.
Nesta semana, segundo ele, foi
convencido pelo secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, a cancelar a
avaliação de alfabetização no País. “Não é um assunto que conheço. Pedi
para Nadalim fazer um ofício justificando o pedido”. Rodrigues é
engenheiro, com especialização em gestão. No documento, ao qual o Estado
teve acesso, o secretário diz que a razão para a mudança seria a
política nacional de alfabetização que estava sendo discutida no MEC. O
texto afirma que “a referida avaliação, no atual formato, não
corresponde às necessidades da política que será implementada”.
Vélez
não sabia da portaria sobre a avaliação – assinada pelo presidente do
Inep – e ficou furioso com a repercussão negativa do caso. A medida foi revelada pelo Estado.
Na segunda-feira à tarde chamou Rodrigues ao gabinete e disse que ele
deveria ter pedido autorização ao MEC para assinar o documento.
Rodrigues então retrucou, dizendo que o Inep é uma autarquia, tem
independência, e que o pedido havia sido feito pelo responsável pela
alfabetização, nomeado pelo próprio ministro.
Os dois discutiram e
Vélez pediu a demissão do presidente do Inep. Rodrigues é ligado aos
militares da reserva, que participaram do plano de governo durante a
campanha de Jair Bolsonaro. Seu nome chegou até a ser cotado para
substituir o ministro, enfraquecido depois de semanas de medidas
polêmicas e brigas internas. Rodrigues ainda tentou reverter a demissão,
mas garantia que só voltava ao MEC se Vélez estivesse fora.
O
general Francisco Mamede de Brito Filho, da reserva ativa do Exército e
que já atuou como chefe do Estado Maior do Comando Militar do Nordeste, deve assumir a presidência do Inep.
Ele é o atual chefe de gabinete e muito ligado a Rodrigues. Nunca havia
trabalhado com educação ou avaliação antes de ser chamado para a
equipe.
Detalhe: Essa é a 10ª baixa em cargos importantes no MEC.
Detalhe II: Educação não é local para testes mirabolantes, fica a dica.
Demitido na pauta.
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