A Procuradoria-Geral da República (PGR) recebeu da Polícia Federal um
inquérito que investiga o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) pela suposta
prática de falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro.
O caso foi revelado por reportagem do jornal "O Globo" desta quarta-feira (06). O G1 confirmou as informações com a Procuradoria-Geral da República.
O inquérito mira “negociações relâmpagos” de imóveis que, segundo as
investigações, resultaram no aumento patrimonial de Flávio.
As suspeitas são que o senador lavou dinheiro por meio da compra de
imóveis e declarou à Justiça Eleitoral o valor de um apartamento abaixo
do preço real.
O caso corria em sigilo no Rio de Janeiro e foi remetido à PGR após Flávio ter sido eleito senador.
Agora, caberá à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, decidir
se encaminha o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF) ou se mantém as
apurações na primeira instância.
A PGR informou que o caso será analisado “sob a ótica” do recurso
julgado no Supremo que restringiu o foro privilegiado de deputados e
senadores a crimes cometidos no exercício do mandato e relacionados à
função.
Como as investigações foram abertas antes de Flávio assumir o mandato
de senador, para o qual foi eleito em outubro do ano passado, a
tendência é de o inquérito fique na primeira instância. Até 2018, ele
era deputado estadual no Rio.
Movimentações de assessor
O senador está envolvido em outra investigação que apura movimentações
atípicas de assessores e ex-assessores da Assembleia Legislativa do Rio
(Alerj).
Segundo o Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro, que abriu
procedimento investigatório criminal para apurar o caso, Fabrício
Queiroz, ex-assessor de Flávio, movimentou R$ 1,2 milhão em sua conta de
maneira considerada "atípica".
As informações foram fornecidas por um relatório elaborado Conselho de
Atividades Financeiras (Coaf). Além de Queiroz, o documento apontou
operações bancárias suspeitas de outros 73 servidores e ex-servidores da
Alerj.
A suspeita é que funcionários dos gabinetes devolviam parte dos salários, numa operação conhecida como "rachadinha".
Um segundo relatório de inteligência elaborado pelo Coaf e revelado
pelo Jornal Nacional em 18 de janeiro, mostra que, em um mês, o senador
recebeu R$ 96 mil por meio de 48 depósitos em dinheiro.
O documento traz informações sobre movimentações financeiras de Flávio
Bolsonaro entre junho e julho de 2017. São 48 depósitos em espécie na
conta do senador eleito, concentrados no autoatendimento da agência
bancária que fica dentro da Assembleia Legistativa do Rio (Alerj), e
sempre no mesmo valor: R$ 2 mil.
Flávio alegou que os depósitos fracionados e em dinheiro vivo na conta
dele referem-se à venda de um apartamento e foram feitos na Alerj porque
era o local onde ele trabalhava. Ainda de acordo com o senador, o valor
de R$ 2 mil era o limite para cada depósito no caixa automático.
Esse caso ainda vai dar problema.
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