Os cervos, sempre assustados diante da presença humana, estão cada
vez mais agressivos pelos Estados Unidos – especialmente nos estados de
Wisconsin e Minnesota. Além de estarem atacando pessoas, os animais
andam tropeçando pelas florestas, às vezes babando, e parecem muito
magros. Uma doença ainda pouco conhecida e incurável os deixa com
aspecto de zumbis.
Batizada de Doença Debilitante Crônica (CWD, na sigla em inglês), o
que se sabe é que ela é causada por príons – proteínas que, de alguma
forma, se tornam infecciosas. E ao contrário de vírus e bactérias, elas
não possuem DNA ou RNA.
As consequências da infecção também são conhecidas: a vítima começa a
se deteriorar pouco a pouco, até que perde a capacidade de falar ou se
mover. Então, o sistema colapsa e ela morre.
Por sorte, a Doença Debilitante Crônica só afeta cervos, veados e
alces; porém, outra doença causada por príons já fez vítimas humanas.
Trata-se da Nova Variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob, que causa
degeneração do cérebro e morte.
Apesar de semelhante à Doença de Creutzfeldt-Jakob, a “Nova Variante”
atinge pessoas mais jovens e é contraída pelo consumo de carne de
animais contaminados com Encefalopatia Espongiforme Bovina, popularmente
conhecida como “doença da vaca louca”.
Segundo Michael Osterholm, diretor do Centro para Doenças Infecciosas
da Universidade de Minnesota, nos anos 1980, quando a “vaca louca”
causou o sacrifício de 4,4 milhões de animais, não se acreditava que ela
pudesse ser transmitida para humanos. No entanto, houve 178 mortes
humanas confirmadas, e estima-se que uma a cada duas mil pessoas no
Reino Unido estejam contaminadas, apesar de poucas desenvolverem algum
sintoma.
“Meu melhor julgamento profissional baseado na minha experiência em
saúde pública e no risco de transmissão de ‘vaca louca’ para humanos nas
décadas de 1980 e 1990 e a extensa revisão e avaliação de estudos de
pesquisa em laboratório diz que é provável que casos humanos de Doença
Debilitante Crônica associados ao consumo de carne contaminada sejam
documentados nos próximos anos”, disse Osterholm ao jornal Pioneer
Press. “É possível que o número de casos humanos seja substancial e que
não sejam eventos isolados.”
De acordo com um relatório do Centro de Doenças Contagiosas dos EUA
(CDC), no início dos anos 2000, vários pacientes apareceram com o que
parecia ser Doença de Creutzfeldt-Jakob e muitos outros apresentaram
sintomas neurológicos vagos que se assemelhavam a doenças por príons.
Três homens em particular comeram juntos carne de caça selvagem. Dois
deles eram suspeitos de ter Doença de Creutzfeldt-Jakob, mas o outro
não tinha sinais visíveis de uma doença priônica além de uma rápida
deterioração neurológica. Todos os pacientes morreram não muito tempo
depois que seus sintomas apareceram, e quase todos tinham comido carne
que eles ou alguém que conheciam tinham caçado.
Mas em todos esses casos, os pesquisadores descobriram que a carne
não era de uma área conhecida por estar infectada pela doença; ou, pelo
menos, não encontraram nenhuma conexão biológica que relacionasse à
enfermidade. Algumas nem sequer foram confirmadas como portadoras de
doenças priônicas.
“Como a Doença de Creutzfeldt-Jakob ocorreu em uma área geográfica
limitada por décadas, um número adequado de pessoas pode não ter sido
exposto ao agente para resultar em uma doença humana clinicamente
reconhecível”, diz o relatório. “O nível e a frequência da exposição
humana ao agente da Doença de Creutzfeldt-Jakob podem aumentar com a
disseminação nos Estados Unidos.”
Encontrada pela primeira vez em cervos de cativeiro no final dos anos
1960, a Doença Debilitante Crônica tem se espalhado desde 1981, quando
foi identificada pela primeira vez em espécies selvagens. Começou no
Colorado; então se espalhou para o Wyoming e depois se alastrou ainda
mais para o Centro-Oeste e o Sudoeste dos EUA. Hoje ela acontece em 24
estados americanos, embora a maioria por enquanto tenha baixas taxas de
infecção entre as populações de animais locais.
Doença na pauta.
Galileu
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