O Ministério da
Educação (MEC) enviou nesta segunda-feira, 25, para todas as escolas do
País um e-mail pedindo que seja lida uma carta aos alunos, professores e
funcionários com o slogan da campanha de Jair Bolsonaro: “Brasil acima
de tudo. Deus acima de todos.” O comunicado recomenda ainda que todos
estejam “perfilados diante da Bandeira do Brasil” e seja tocado o Hino
Nacional. Por último, pede que as escolas filmem as crianças nesse
momento e enviem os vídeos ao governo.
A medida
provocou reações no meio educacional e entre pais de estudantes. O
Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação (Consed) disse,
em nota, que a ação fere não apenas a autonomia dos gestores, mas dos
entes da Federação. O Movimento Escola sem Partido também criticou a
medida nas redes sociais.
“O ambiente
escolar deve estar imune a qualquer tipo de ingerência
político-partidária”, disse o Consed. Para o órgão, o Brasil precisa,
“ao contrário de estimular pequenas disputas ideológicas na Educação”,
priorizar a aprendizagem.
O Escola sem
Partido, em publicação nas redes sociais, disse não ver problema no Hino
ou na filmagem das crianças, mas na carta do MEC. “É o fim da picada”. A
entidade defende combater uma suposta doutrinação por parte de
professores em sala de aula – uma das bandeiras de Jair Bolsonaro.
Segundo o
diretor de Políticas Educacionais do Todos pela Educação, Olavo Nogueira
Filho, mesmo que o pedido tenha caráter voluntário, é uma ação “sem
precedentes no passado recente brasileiro”. O que essa ação reforça,
para ele, é que o MEC caminha no sentido contrário do que precisa ser
foco. “É desvio do que é essencial. O MEC tem se silenciado até aqui a
respeito de temas urgentes.”
Para ele, a
pasta deveria aproveitar o início do governo para propor políticas
capazes de melhorar a aprendizagem, como tornar a carreira docente mais
atrativa, discutir fundos para a área e implementar a Base Nacional
Comum Curricular, que define o que deve ser aprendido em cada etapa
escolar.
Famílias
A cineasta
Mariana Vieira Elek, de 31 anos, diz que ficou chocada ao saber do
e-mail enviado para a escola onde estudam seus dois filhos. “É um
absurdo a alusão à religião no fim do texto. Respeito a religião dos
outros e gostaria de ser respeitada.” Também criticou a possibilidade de
seus filhos serem filmados sem autorização e a execução do Hino
Nacional sem que as crianças entendessem a razão de estarem cantando. As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo e estadão Conteúdo.
Nossa educação tem outras milhares de prioridades.
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