O candidato do PDT à Presidência em 2018 Ciro Gomes
foi hostilizado em Salvador nesta quinta-feira, 7, durante evento da
União Nacional dos Estudantes. Enquanto dizia que o jovem não devia ser
obrigado a defender corrupção, foi chamado de “corrupto” por um
militante da plateia. “Não sou, não. Eu estou solto. Eu sou limpo. O
Lula está preso, babaca”, retrucou, repetindo as palavras de seu irmão,
Cid Gomes, que, ainda no segundo turno, ofendeu um militante petista em
evento no Ceará.
Nesse momento, as vaias do público reunido na Universidade
Federal da Bahia abafaram as palmas vindas dos apoiadores do
ex-governador cearense. Parte do público pedia “Lula livre”. Ciro também
disse que a esquerda foi “humilhantemente derrotada” nas eleições.
“Desculpa, não sou eu que condenei o Lula. Não está na minha mão liberar
Lula. Eu avisei que se a direita ganhasse as eleições, o Lula ia ficar
encarcerado por muito mais tempo. Todo mundo pode vomitar paixão que
quiser, mas enquanto a gente ficar assim, acreditando em minorias
ínfimas, esmagadoramente derrotados que fomos… companheiros, nós fomos
humilhantemente derrotados pro essa estratégia. Insistir nela afunda o
Brasil”, disse, antes de encerrar seu discurso.
Campanha
Os atritos entre petistas e Ciro Gomes vêm desde a última campanha
eleitoral, quando o partido do ex-presidente Lula articulou
politicamente para impedir alianças do ex-ministro com outros partidos
de esquerda, como o PSB e o PCdoB. No caso dos socialistas, o PT chegou a
vetar a candidatura da deputada Marília Arraes a governadora de
Pernambuco apenas para que o PSB ficasse neutro na disputa presidencial,
sem apoiar nem Ciro nem Fernando Haddad (PT).
Após a prisão de Lula em abril de 2018, líderes políticos da esquerda
defenderam a união das legendas em torno de um único nome. Como o PDT
não abria mão da candidatura de Ciro Gomes nem o PT de defender a
postulação de Lula, posteriormente barrada pela Justiça Eleitoral, essa
união não aconteceu.
Os petistas chegaram a convidar Ciro para concorrer a vice-presidente
na chapa de Haddad, mas ele não aceitou e a posição acabou com Manuela
D’Ávila (PCdoB). No segundo turno, ressentido politicamente com a
disputa da primeira etapa, o ex-ministro não fez campanha para o petista
contra Jair Bolsonaro (PSL). Em um ato de campanha, quando pedia
autocrítica à militância do PT, o senador Cid Gomes (PDT-CE) se
desentendeu com os apoiadores de Haddad, usando a frase agora repetida
pelo irmão.
“Não sou, não. Eu estou solto. Eu sou limpo. O
Lula está preso, babaca”
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