Ex-assessor do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL) e citado em
relatório do Coaf por conta da “movimentação atípica” de R$ 1,2 milhão
entre 2016 e 2017, o policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz
mora em uma casa simples e sem pintura externa, em um beco no bairro da
Taquara, na Zona Oeste do Rio.
Na viela onde Queiroz mora com a mulher, Márcia Aguiar, os imóveis
são colados uns aos outros. No beco há varais improvisados do lado de
fora das casas, fios emaranhados e canos aparentes. Na casa de Queiroz,
um adesivo rasgado com as fotos do presidente eleito Jair Bolsonaro e de
seu filho Carlos, vereador no Rio, está colado na fachada. No segundo
andar, que tem a laje sem revestimento, tapetes secavam no parapeito
ainda sem janela.
No portão que dá acesso ao conjunto de aproximadamente 70 casas,
distribuídas em uma rua mais larga e vielas, há um aviso de que a área é
monitorada 24 horas.
O GLOBO esteve na segunda-feira na residência de Queiroz, mas não
encontrou nem ele e nem a mulher, Márcia. Vizinhos confirmaram que o
casal vive na casa.
O relatório do Coaf que cita Queiroz foi anexado à Operação Furna da
Onça, que prendeu deputados estaduais. O Ministério Público do Rio já
tem procedimentos em curso, que correm sob sigilo, para investigar
possíveis irregularidades cometidas por servidores da Assembleia
Legislativa do Rio (Alerj), com base no relatório do Coaf. O MP não
esclarece se as movimentações financeiras de Queiroz estão sob
investigação.
O Coaf elaborou relatórios a pedido do Ministério Público Federal. Os
procuradores ressalvam que a identificação desse tipo de movimentação
não configura um ilícito por si só.
Na Alerj, a repercussão do caso alterou a rotina do gabinete de
Flávio. Normalmente aberto ao público, o local passou boa parte da tarde
com portas trancadas.
O relatório do Coaf cita que a conta de Queiroz recebeu repasses de
oito funcionários e ex-funcionários do gabinete de Flávio. O GLOBO
procurou duas delas ontem no local. Horas depois de um assessor afirmar
que elas estavam presentes, o chefe de gabinete de Flávio, Miguel Angelo
Braga, admitiu que elas não foram à Alerj por estarem tratando de suas
defesas:
— Estão buscando informações para os esclarecimentos que já estão com
data marcada para ser prestados (ao MP). Não estão aqui pelo assédio da
imprensa. Não estão podendo vir pelo constrangimento.

Ô laranja madura seu moço!
AGÊNCIA O GLOBO
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