O candidato a vice-presidente na chapa do
PT, Fernando Haddad, informou nesta segunda-feira, 3, que o partido vai
recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Comitê de Direitos
Humanos da ONU para manter a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva à Presidência nas eleições 2018. A informação foi
confirmada por Haddad depois de se reunir com o ex-presidente na superintendência da Polícia Federal em Curitiba por cerca de cinco
horas. A informação também foi repassada pela presidente do partido,
senadora Gleisi Hoffmann, no Twitter.
“Hoje nós expusemos ao presidente Lula todas as possibilidades
jurídicas que estão à mão, à disposição dele. Ele (Lula) tomou a decisão
de peticionar junto a ONU para que se manifeste sobre a decisão das
autoridades eleitorais brasileiras […] e peticionar junto ao Supremo
Tribunal Federal. Serão duas petições com pedido de liminar tanto na
esfera federal quanto a esfera criminal para que ele tenha o direito de
registrar sua candidatura dentro do prazo de dez dias”, declarou Haddad
na saída da visita.
Haddad não quis comentar qual será a posição do partido caso os
recursos sejam negados. “Estamos trabalhando a cada etapa com os fatos
novos. Não imaginávamos que o Brasil contrariaria uma determinação de um
organismo internacional e um tratado que nós subscrevemos”, disse.
Na sexta-feira, 31, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que
Lula, condenado em segunda instância e preso desde abril pela Operação
Lava Jato, não pode concorrer à Presidência. O tribunal deu um prazo de
dez dias para que a sigla defina quem será o candidato. A data limite é
dia 11.
O PT alega, no entanto, que a Corte está contrariando recomendação do
Comitê da Direitos Humanos da ONU, que opinou sobre a possibilidade de
Lula exercer a candidatura até que seus recursos criminais sejam
julgados. “Vamos apresentar os recursos no prazo que o STF nos deu.
Vamos apresentar hoje para ONU e amanhã para o Superior Tribunal, com
pedido de liminar, que pode ser atendida de pronto. Vamos tomar as
providências para garantir que o povo possa escolher o próximo
presidente da República”, acrescentou Haddad.
O TSE também determinou que as propagandas eleitorais petistas sejam
ajustadas, substituindo o ex-presidente pelo novo candidato da sigla.
Haddad informou que, até que os recursos planejados sejam julgados, ele
mesmo vai aparecer por mais tempo nas propagandas, mas como candidato a
vice. Segundo o ex-prefeito, a ideia é que Lula continue aparecendo em
25% do tempo dos programas, limite estabelecido para quem não é
candidato.
“Sou candidato a vice-presidente, tive a candidatura registrada e vou
poder figurar até 100% do horário eleitoral. Mas o presidente Lula,
mesmo com a decisão tomada, poderá figurar 25% do tempo. Agora vamos
esperar a reação do Supremo às nossas demandas”, disse.
A reunião de Haddad com Lula começou por volta das 9h30. Participaram
do encontro ainda os advogados Eugênio Aragão, Luiz Fernando Casagrande
Pereira, Manoel Caetano, Luiz Carlos da Rocha, Luiz Eduardo Greenhalgh,
Valeska Martins e Cristiano Zanin.
O ex-prefeito de São Paulo chegou à PF acompanhado também da esposa,
Ana Estela Haddad e da presidente do PT, Senadora Gleisi Hoffmann. Perto
de meio-dia, o grupo foi almoçar e, às 14h30, retornou ao prédio da PF,
saindo só às 16h30.
Haddad segue de Curitiba para São Paulo para ajustar os detalhes das
novas propagandas eleitorais do PT. Com a reunião, ele cancelou agenda
de campanha que teria à tarde no Rio Grande do Sul.
Pense num partido biruta.
Estadão Conteúdo
Registe-se aqui com seu e-mail