Ao ser preso em Natal à manhã de ontem (terça-feira, 14), Edvaldo Pessoa de Farias – funcionário da Assembleia Legislativa do RN, lotado no gabinete da deputada estadual Cristiane Dantas (PPL) -, não esboçou maior reação. Ele sabe bem o que pesa contra si.
“Bola”, como é conhecido entre amigos, foi informado por um dos promotores públicos da “Operação Tubérculo”,
que áudios, conversas em WhatsApp e outros elementos o deixam em
seriíssima encrenca. Se ele falar tantinho assim o que sabe, deixará
muita gente graúda da política do RN em dificuldades, de parlamentares
federais a prefeitos.
Durante todo o dia/noite, a imprensa e redes sociais quase ignoraram a
presença desse personagem de comportamento discreto, quase
imperceptível, no enredo das investigações procedidas pelo
Ministério
Público do RN (MPRN). A prioridade, com viés eleitoreiro, foi-se
explorar a prisão preventiva e afastamento de cargos do prefeito Robson
de Araújo (PSDB), o “Batata”, e o vereador Raimundo Inácio Filho (MDB), o
“Lobão”, ambos de Caicó (veja AQUI).
Mas a “cereja” desse bolo é mesmo Edvaldo Pessoa de Farias. O MPRN
atirou no que viu e pode ter acertado em algo de dimensão estelar e com
efeito dominó bastante profundo.
Muitos personagens conhecidos da gestão pública e da política potiguares tendem a emergir em situação vexatória.
“A Bola” e o “Bola”
Edvaldo Pessoa, o Bola, é lobista. Nos intramuros da política e nos
escaninhos de concorrências públicas, ele é associado principalmente a
emendas parlamentares federais para o setor de Saúde Pública. Seu
“trabalho” (veja AQUI) na Assembleia Legislativa, onde não costuma aparecer, é meramente de fachada.
Ele teria o papel de fazer a intermediação de contatos na cadeia
produtiva da corrupção, ensejando que material médico-hospitalar,
medicamentos etc. acabem por se transformar em um bom negócio para as
partes envolvidas; mesmo que isso cause prejuízo ao erário e à
população.
O rateio usual da “bola”, que incluiria o próprio Bola, pode chegar a 30% ou mais do total de recursos envolvidos.
Vem mais barulho por aí. Ninguém comemore prisão de prefeito ou
vereador. Eles são arraias-miúdas desse oceano recheado de predadores.
Esse novo veio de prospecção investigativa pega novo rumo, com foco
naquela máxima: “Siga o dinheiro” das emendas parlamentares.
A Operação Tubérculo
(referência à batata) é desdobramento das operações Cidade Luz,
deflagrada em julho de 2017 e que desvendou um esquema criminoso
instalado na Secretaria Municipal de Serviços Urbanos de Natal através
da constituição de cartel, entre empresas pernambucanas que prestavam
serviços de iluminação pública na cidade; e Blackout, realizada em
agosto do mesmo ano e que apurou superfaturamento e pagamento de propina
para manutenção do contrato de iluminação pública em Caicó.
Nossa.
Por Carlos SantosRegiste-se aqui com seu e-mail
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