Uma cidade sem cultura, é uma cidade sem história...”
Prezados conterrâneos em especial aos que fazem parte dos movimentos culturais de nosso município,
É com grande pesar que venho por meio desta nota relatar a falta de
incentivo que o Festival da Cultura e da Música vem enfrentando para que
continue a acontecer no município de Campo Grande. Primeiramente,
gostaria de informar que enviei para prefeitura, ainda no mês de Junho, o
requerimento 004/2017 de minha autoria, solicitando o planejamento
estrutural e financeiro para realização do 9º Festival da Cultura, onde
até o momento não foi respondido, e pelo que consta, foi recebido e
engavetado pelo poder executivo, não existindo se quer o comprometimento
na destinação à “Coordenação” competente para a realização e execução
do evento. Tal atitude, descumpre por má fé o dever de fornecer as
informações pleiteadas pela Câmara Municipal.
O Festival da Cultura e da Música de Campo Grande já se tornou, ao longo
dos anos, uma atração esperada anualmente e é considerado um dos
festivais mais respeitados da região, sempre pautado pela organização e
apresentação de atrações locais, regionais e até nacionais. Para que o
evento aconteça são necessários além do cumprimento da Lei municipal por
parte do poder executivo, com a execução administrativa e estrutural;
Apoio; e as Parcerias necessárias para realização de um grande evento.
No entanto, este ano não se viu e nem se vê nenhuma movimentação para
realização da 9ª edição do festival por parte da prefeitura.
O que se sabe, e tenho provas disso, é que nem o coordenador de cultura,
muito menos o Sr. Prefeito, teve conhecimento do requerimento aprovado
pela Câmara Municipal e protocolado na prefeitura com 05 meses de
antecedência ao festival. Tal fato, mostra mais uma vez que o Sr.
Prefeito não anda sabendo o que se passa nos bastidores de sua gestão, o
que chega a ser lamentável, e ainda, preocupante se levado em
consideração o vetusto modelo de gestão que estão seguindo, exportado de
um município vizinho e que não foi aprovado pelo povo de sua cidade.
O Festival foi planejado para ser promovido em Campo Grande sempre no
mês de novembro, mas infelizmente diante dos motivos abaixo elencados
por mim, não será possível ser realizado na mesma data.
Motivos:
1) O Festival perdeu o prazo de respostas de patrocínio. Até o momento a
prefeitura não enviou nenhum edital de patrocínio as empresas
participantes em edições anteriores, nem a outras empresas com o perfil
de participação em eventos deste porte. Editais de patrocínio, que em
todos outros anos foram definidos entre os meses de março e maio, até o
momento não foram enviados.
2) Até o momento a prefeitura de Campo Grande, apesar de saber do evento
tradicional que é o festival da cultura, não se comprometeu
oficialmente com as demandas necessárias para a execução do evento; com a
agenda cultural do município; nem muito menos com os artistas locais.
3) Apesar dos contatos feitos com a prefeitura, não existe mais tempo
hábil para divulgação e realização de um festival ainda no mês de
novembro.
Registro Fotográfico do 8º Festival da Cultura - 2016 |
O Festival é gratuito para a população. A não realização do mesmo
infringirá um dos principais objetivos do projeto de lei que o criou,
que é promover cultura com acesso a todos. No entanto, no contato que
tive com o atual coordenador de cultura, Juca Tigre, que se mostrou
preocupado, foi garantido o empenho para realização da 9ª edição do
festival. Mas vale ressaltar que apesar do interesse do coordenador, a
realização do evento não depende só dele.
Nos anos anteriores o festival da cultura era realizado a três mãos,
através do ex-prefeito, Bibi de Nenca, do ex-coordenador de cultura,
Osvaldo Vieira e por mim, que sou o autor da lei que criou o festival
como instrumento de disseminação da cultura local, do turismo e da
geração de emprego e renda. A edição 2017 corre um grande risco de não
acontecer, o que poderá decretar de vez a falência múltipla de nossa
diversidade cultural.
Lamentavelmente, a prefeitura municipal de Campo Grande tem mutilado
lentamente a cultura local com a não realização de eventos tradicionais
do nosso município. Quem não se lembra do primeiro episódio, o do
espetáculo da Paixão de Cristo? Quer dizer, o da falta do espetáculo,
por falta do incentivo público. Quem não se lembra do segundo episódio, o
da falência no incentivo à cultura, dessa vez no que se diz respeito as
quadrilhas juninas, em especial aos Filhos de Santana?
Recentemente, a rede social (Facebook) serviu de palco para os músicos
locais, não para apresentarem seus talentos musicais, mas sim, para
gritarem por apoio governamental de uma prefeitura omissa com a
categoria histórica e símbolo de nossa cidade. Afinal, somos ou
não nacionalmente conhecidos como a terra do músico?
Como se não bastasse tamanho descaso, a prefeitura municipal pode estar
se preparando para jogar a sua última pá de terra na cultura do nosso
município. Dessa vez, o alvo em tela é o 9º Festival da Cultura e da
Música de Campo Grande que corre sérios riscos para não realização.
Não quero pensar que a não-realização desse evento seja uma retaliação
política, por ter sido criado por mim, líder da oposição na câmara
municipal e não, por não entenderem que é uma festa da população
campo-grandense. Mas, se isso for, esquecem que estão retaliando o povo
de nossa cidade que aguardam ansiosos o festival; os músicos locais que
esperam sua oportunidade de se apresentarem para seu povo; e o comércio
local em geral: Lojas de confecções, Salão de beleza (manicures e
cabelereiras), Supermercados, Bares e Restaurantes, Ambulantes, etc. que
tem durante o festival uma renda extra com o aquecimento da economia
nesse período.
É preciso fomentar a música de nosso município que vive um dos momentos
mais singulares da história com o surgimento de vários artistas e grupos
musicais como: Forró de Antigamente, Bruno Martins, Donna Donna, Júnior
Galdino, Forró do Patrão, Fábio Leonardo, Ailton Farra, Márcio Show,
entre outros grupos e artistas locais, que veem no Festival da Cultura
uma grande oportunidade de exposição e reconhecimento de seus talentos. É
preciso fomentar as diversas artes locais (teatro, música, artesanato,
literatura, capoeira, etc.) que historicamente fazem parte do nosso
município desde a sua criação, para que não fique no esquecimento a
valorosa contribuição que esse setor deu e continua dando a formação dos
jovens de nossa cidade.
Quero crer que a atual gestão ouvirá o coordenador de cultura para
transformar minha denúncia em uma decisão coerente, devolvendo a cultura
local o muito que ela conquistou nos últimos oito anos que me dediquei a
ela na câmara municipal, e que sempre teve o apoio necessário do
ex-prefeito Bibi de Nenca.
Estou convicto que a “mudança” só é bem-vinda quando realizada para
fazer mais e/ou melhor. Caso o contrário não é mudança, e sim, um
retrocesso.
Por fim, deixo para reflexão, uma frase baseada no filme “Uma cidade sem
passado” que me remete muito bem ao atual momento cultural de nosso
município que diz: Uma cidade sem cultura, é uma cidade sem história e
sem futuro.
Campo Grande, 10 de novembro de 2017.
Vagner Souza
Vereador de Campo Grande/RN
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