O doleiro e delator Lúcio Bolonha Funaro, em seu acordo de
colaboração premiada firmado com o Ministério Público Federal (MPF),
afirmou aos procuradores que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) e o presidente Michel Temer (PMDB) “confabulavam diariamente”
pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. A informação foi
publicada no site da revista Veja nesta sexta-feira (08).
De acordo com o delator, na véspera da votação de aceitação do
processo na Câmara, o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, enviou
mensagem a Funaro questionando se ainda havia recursos disponíveis para a
compra de votos necessários para a abertura do processo na Casa. O
doleiro conta que viabilizou o dinheiro. O processo de abertura foi
autorizado na Câmara por 367 votos favoráveis e 137 contrários, no dia
17 de abril de 2016. Houve sete abstenções e somente dois ausentes
dentre os 513 deputados. A sessão durou 9 horas e 47 minutos.
De acordo com Funaro, ainda em 2015, dias após a Polícia Federal (PF)
ter feito apreensões nos endereços dele, o empresário Joesley Batista,
da JBS, o chamou para uma conversa em São Paulo. O encontro ocorreu na
casa de Joesley. Os dois, na época, selaram “pacto de proteção mútua”,
conforme revela a revista Veja. Segundo o delator, Joesley
prometeu a ele R$ 100 milhões em troca de seu silêncio. Desde então,
contou, o empresário começou a fazer os repasses em parcelas. De acordo
com a delação, pelo menos R$ 4,6 milhões foram repassados por meio do
irmão de Funaro.
O dinheiro parou de chegar às mãos do doleiro quando Joesley decidiu
fazer delação. Em março, Joesley gravou uma conversa com o presidente
Michel Temer (PMDB) e, entre os diálogos, o presidente ouviu de Joesley
que uma mesada estava sendo paga a Eduardo Cunha e a Lúcio Funaro para
eles ficassem calados sobre o esquema de corrupção na Petrobras. Diante
da informação, Temer declaou: “Tem que manter isso, viu?”. Segundo as
investigações, um dos principais doadores de campanha nas últimas
eleições, o grupo JBS era o responsável pelos pagamentos ao ex-deputado.
Dupla entrou em ação.
Congresso em foco.
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